quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Resenha: A Estrada


Você gostaria de morrer?
Título: A Estrada
Autor: Cormac McCarthy
Editora: Alfaguara Brasil
Paginas: 240
ISBN:9788560281268
Ano: 2010

Continuação do Sentimento »
Em A Estrada, acompanhamos as travessias de um pai e seu menino - identificado exatamente dessa forma pelo autor -- numa América pós-apocalíptica, vítima de uma catástrofe. Agarrando-se a um último fiapo de esperança, eles cruzam os Estados Unidos em direção ao mar, na esperança de encontrarem algum conforto, seguindo pela estrada do título.
No decorrer da narrativa, o Pai e o Menino cruzam caminhos com outros sobreviventes, pouco amistosos. O colapso da sociedade impeliu os poucos sobreviventes a regressarem a um estado neolítico, vivendo em tribos e caçando em bandos - geralmente, seres da própria espécie. O canibalismo, em virtude da escassez de comida, tornou-se uma necessidade.

Há exceções, evidentemente; duas deles sendo o par de protagonistas: o menino, por estar sempre sob os cuidados do Pai, ainda retém certa inocência; e o dito cujo, que cultiva a humanidade que ainda lhe resta em prol do filho, perseverando contra todas as adversidades -- doença, fome, cansaço -- para resguardá-lo.
É importante frisar que este romance não se trata de uma aventura, mas, sim, de uma jornada: a ênfase é no cotidiano dos personagens e todas as dificuldades atreladas a ela. McCarthy foi, neste ponto, extremamente minucioso, explorando todas os empecilhos e problemas que dois indivíduos nessa situação possivelmente teriam que lidar, como a busca por alimento, abrigo, roupas etc. Quase um manual de sobrevivência. Embora momentos mais frenéticos existam, eles são pontuais, dispersos ao longo da narrativa.
A linguagem concisa, seca e direta de McCarthy encontra, aqui, o seu par temático perfeito. As descrições das paisagens naturais -- cinzentas e mortas -- e do tecido urbano -- necrosado e pútrido -- incitam no leitor um desconforto perene, um senso gradativamente maior de opressão -- como se esses cenários estivessem se construindo ao seu redor, propiciando acesso à própria aflição dos personagens.



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